sábado, 10 de março de 2012

Tudo, menos o pra todo sempre - de Kassia Araújo

  O sorriso a brincar‑lhe nos lábios. Era você, como um anjo me fazia esquecer do chão, me entrelaçava nos seus braços. Dizia-me mentiras que soavam como lindas poesias. Você fazia querer-te bem, enquanto me dizia que queria ficar comigo além do infinito, enquanto dizia que eu era sua cinderela e que a meia noite tudo ia ficar bem.
Numa enxurrada vieram as desventuras. O vestido começou a rasgar dos lados, o sapato apertar, encher de areia assim como meus sonhos. O amor que você jurava me dar era falso assim como você sempre foi. Cadê as juras de amor eterno? O pra todo sempre não era pra ser pra sempre? Então me diga: porque acabou? - Porque nunca existiu. Garanto-te que alguns invernos solitários me fizeram insensível, você me tinha em suas mãos, mas me deixou escapar, fui escapando até cair. Eu peço para que não venhas com suas desculpas nem com flores, elas me causam náuseas.
Por qual motivo você me quer de volta? Para me deixar cair novamente? Não, não sou a mesma de antes, essa dor nunca mais sentirei. Eu amei você como um fogo-vermelho, agora eu faço questão de vomitar todo esse amor, que por vezes me fez engasgar entre lágrimas.  
Espero que nunca mais nenhuma mulher caia nos seus poemas decorados. E que elas descubram o feiticeiro que você é antes de seus sonhos virarem abóbora. 

Kassia Araújo